sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Não vamos ganhar nada enquanto só valorizarmos o individual

É incrível o poder de marketing e a visibilidade que o Neymar proporciona ao Santos. 

Bastou ele querer jogar, fretar um avião e disputar uma partida 24 horas depois de jogar pela seleção brasileira, na Europa, para as notícias sobre o clube tomarem conta dos noticiários nacionais.

Não sou contra o jogador, muito pelo contrário, acho-o disparado o melhor jogador brasileiro da atualidade e se ele dá ou não audiência, é problema dos rivais. Eles que se incomodem com o sucesso do craque.

Mas sou contra essas notícias que veiculam que ELE ganhou o jogo sozinho.
Isso é desmerecer todos os outros jogadores que estiveram em campo.
Lógico que ele acabou com o jogo. Não sou louco de não dizer isso, mas quero que vocês entendam que enquanto o Brasil valorizar apenas o individualismo dos jogadores, não vai ganhar absolutamente nada de importante por um bom tempo.

Sabem por que digo isso? Porque bastou o Santos perder para o Barcelona no Mundial, perder para o Corinthians na Libertadores e a Seleção perder a final para o México para sair os comentários de que o Neymar é amarelão e que em jogo importante treme.

Nunca vi notícias mais absurdas que essas aí. Poxa, parece que o povo se esquece de tudo o que o garoto conquistou com o Santos em tão pouco tempo e com tão pouca idade.

Por isso mesmo, sou contra atrelar vitórias e conquistas a apenas um jogador. 
Nós temos que avaliar o conjunto como um todo. Seja o esquema tático adotado, seja o posicionamento em campo, seja a forma de marcação do time, seja a jogada ensaiada de bola parada. 
Vejam que é o conjunto da "obra" que ganha as partidas e conquista os títulos e não só 1 jogador individualmente.

Claro que ele faz a diferença. Que num lance individual "acha" o gol ou faz aquela jogada "espírita" que os normais não conseguem repetir nem se tentar 200 vezes.
Mas é muita sacanagem com o jogador e com o clube atrelar conquistas e derrotas a apenas 1 ser, seja quem for.

Sou fã do Neymar, já disse aqui, mas acho que a imprensa brasileira (a esportiva, em especial) precisa enaltecer mais os trabalhos coletivos, valorizar ou criticar mais os esquemas táticos e a eficiência dos clubes e menos as jogadas de efeito.

Por aqui, basta que um zé ninguém dê um drible legal ou meta uma bola no meio das pernas do adversário para ser chamado de craque e ter sua jogada exibida umas 10 vezes em cada noticiário. Tudo bem que a jogada é bonita, mas resultou em gol? Deu a vitória ao time?
Qual foi a consequência da jogada? Criou perigo ao adversário ou deu contra-ataque?

É isso que temos que avaliar mais. Nós somos muito iludidos com o que a imprensa diz que é legal que somos robotizados a aceitar que tal mané é gênio quando é na verdade um jogador comum igual a qualquer jogador das peladas de bairro.

Disso tudo resulta-se as frustrações das derrotas. Cria-se a falsa esperança de que somos o melhor futebol do mundo, que somos o celeiro de craques, que temos o melhor e mais disputado campeonato nacional do mundo e outras baboseiras mais.

Enquanto vivermos dessas "fantasias" e o mundo evoluir tática e tecnicamente nesse esporte, não vamos ganhar absolutamente mais nada.
Vamos acordar?

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