Leiam até o final. Faço dele as minhas palavras.
Por Odir Cunha:
Nesses dias o Santos está vivendo novamente a sensação de ter a maior torcida do Brasil ao seu lado, como acontecia no final da década de 1960. Além da enorme massa de santistas que se espalha pelo País, há um número infindável de torcedores de outros times que nesta semifinal da Libertadores estarão ao lado do Alvinegro Praiano. Isso porque, além da inegável folha de serviços prestados ao futebol bonito e limpo, o Santos enfrentará um adversário que é, disparado, o clube de futebol mais rejeitado do Brasil.
Por que todo torcedor que não é corintiano odeia esse time? Seus adeptos dirão que é porque ele é o maior, o mais isso e o mais aquilo… Mas a verdade é que é odiado porque, historicamente, é o clube mais favorecido por arbitragens e esquemas extra-campo e o que possui um torcedor que costuma ser arrogante e provocador.
Esse desrespeito pelos adversários é um traço da personalidade do corintiano. Do homem mais simples ao publicitário mais influente, todos agem da mesma forma – e com a mesma petulância – quando falam de futebol. Parecem ter feito um tratamento de lavagem cerebral no mesmo laboratório. Até o discurso é similar.
Veio dos corintianos a frase de que quer ver o time campeão nem que seja além do tempo, com um gol de mão e em impedimento. Por aí se vê o nível de torcedor que o time tem. Esse comportamento não pode agradar ninguém porque não é educado e nem civilizado.
Há coisa mais antipática do que bajular a si mesmo e ao mesmo tempo diminuir os rivais? Pois seus aficionados designam seu time de “todo-poderoso” e transformam um leme de navio em “timão”. Chamam-se de mais “fiéis”, dizem que já nasceram assim e que professam uma “religião”. Denominam a seu grupo de aficionados de “nação” e superdimensionam o número de seguidores do partido, como políticos em campanha.
Na verdade, em sua maioria são xiitas do futebol que não se envergonham de mentir, que primam pela irracionalidade e se tornam perigosos quando contrariados, voltando-se contra seus próprios jogadores depois de uma derrota importante. Por causa dessas atitudes, a Polícia Militar terá de reforçar o policiamento no jogo do Pacaembu, pois há sério risco de que, após a partida, o bando saia do estádio quebrando tudo o que estiver pela frente.
Meu primeiro contato com o inimigo
Acho que era o ano de 1962 e o Santos, que vivia o seu Cinqüentenário, ganhava tudo. Em uma conversa sobre futebol com um colega de ginásio que eu reputava um dos mais inteligentes da classe, eu falava do Santos e de Pelé quando constatei, assustado, que isso gerava uma reação incontrolável de inveja e revolta no meu colega.
O Santos era campeão do mundo, todos os seus jogadores, com exceção de Dalmo, eram chamados regularmente para a Seleção Brasileira, e além de tudo tinha Pelé, já cantado em prosa e verso no mundo inteiro. Mesmo assim, não sei como, meu colega deu um jeito de menosprezar o que dizia e ao mesmo tempo afirmar e repetir que seu time era “o maior”.
Até ali eu não entendia direito como uma conversa como futebol poderia descambar para a discussão e entrar em um non sense total. Eu falava de futebol como poderia falar de qualquer outro assunto, mas percebi que aquele tema era tabu para o meu frustrado amigo, que reagiu de maneira agressiva e sarcástica.
Aquela foi minha primeira experiência – decepcionante – de tentar usar fatos reais, concretos, ao conversar com alguém que se apegava na irracionalidade para falar das “vantagens” de seu time – que, por sinal, não vencia o meu há alguns anos.
Ainda me vejo, menino, com a boca aberta diante de tanta asneira, de tantas informações falsas e argumentos idiotas. Esse contato marcante com o lado animal e imbecil do homem me foi proporcionado por um corintiano que, nas outras questões da vida, era uma pessoa normal e poderia passar por civilizada. Confesso que fiquei pasmo com o nível de selvageria que a discussão de futebol pode levar o homem. Espanto que sinto até hoje ao ouvir e ler alguns colegas da imprensa esportiva.
Como eu, acredito que muitos dos que rejeitam o Corinthians tiveram experiências parecidas com algum representante do bando de loucos. É impossível conversar, muito menos discutir, sobre futebol com alguém que se acha acima da verdade e da ética. Por isso, nesta semifinal da Libertadores, o Brasil ficará bem mais feliz se o Alvinegro Praiano seguir em frente na Libertadores. Será um prêmio ao futebol bonito. E ao jogo limpo. Vai Santos!
E você, odeia o Corinthians? Por que?
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