Quanto vale para um clube profissional de futebol ganhar títulos nas categorias de base?
Muito? Pouco?
Não acredito que vi, dias atrás, no Twitter, alguns torcedores santistas minimizando a conquista da Copa do Brasil sub-20 pelo Santos.
Sério, torcedor não gosta de ver seu time campeão? Afinal, que tipo de torcedor é esse?
Um clube, para ser grande, precisa conquistar tudo que disputa! Tudo! Seja no futebol profissional seja em competições de bolinha de gude.
Entretanto, qual o real motivo dos clubes brasileiros investirem nas categorias de base?
É só pelos títulos que poderão ganhar?
Se a resposta for positiva, começamos a entender o porquê do nosso futebol estar tão pobre e tão frágil.
As categorias de base servem para FORMAR os garotos. É nessa fase que se treina exaustivamente fundamentos básicos (passe, cruzamento, cabeçada etc), posicionamento, deslocamento, habilidades individuais, marcação etc.
Não pode um clube querer simplesmente ganhar troféus a qualquer custo. O preço que se pagará no futuro será muito alto.
Penso que vale mais formar vários garotos de excelente qualidade para serem vendidos por um preço alto lá na frente do que ganhar troféus apenas.
Vejam que não estou sendo incoerente com o que disse acima. Acho os títulos importantes sim, mas o que quero dizer é que NÃO dá para querer somente ganhar a qualquer custo SEM DESENVOLVER os garotos.
Para que esta formação dê certo é preciso que o clube defina uma filosofia e uma forma de jogar para o time profissional. Assim, as categorias de base traçarão o perfil adequado dos jogadores que se encaixarem na sua filosofia mantendo o seu futebol profissional em alto nível por muito tempo.
Notem que a BASE é o centro de tudo no futebol. É por ali que se investe no futuro e é por ali que se lucra.
Então, por que é que nossos clubes não investem adequadamente nessas categorias?
Vamos fazer uma conta rápida: Neymar saiu do Santos por cerca de R$ 28 milhões, certo?
Por quanto tempo ele ganhou salário de R$ 50 mil mensais quando era jogador da base?
2 anos? Então, incluindo 13º, ele ganhou cerca de R$ 1,3 milhão no período. Incluindo alimentação, viagens, hospedagens, custos indiretos na sua formação e despesas gerais, vamos dizer que o clube tenha gasto com ele cerca de R$ 9 milhões de reais (incluindo a parte do clube nos salários quando ele era jogador do profissional).
Olhem só o lucro do clube na transação? Isso sem falar no aumento das cotas de TV, venda de camisas, bonecos e outros apetrechos do clube, aumento de torcedores que pagam as mensalidades em dia (os sócios) etc.
Vale a pena ou não investir na base?
O problema que vejo no Brasil é a falta de gestão nesse setor especificamente.
O Corinthians, por exemplo, vive ganhando títulos todo ano nas suas categorias de base. Entretanto, quantos jogadores pertencem realmente ao clube e quantos ele revela para o time profissional?
O clube faz justamente o contrário do que disse acima. Ele apanha vários jogadores de vários empresários, dá a camisa e a estrutura e pronto. Ganha títulos, mas quem lucra são os empresários destes jogadores.
Qual a vantagem nisso? Massificar a marca do clube com mais troféus?
Acho que ganhar títulos, como disse acima, é fundamental, seja na base seja no profissional, mas para mudarmos o nosso futebol a mudança tem que ser feita lá embaixo, nas categorias inferiores.
É lá que reside o nosso futuro!
Portanto, ou os clubes começam a investir corretamente na formação e desenvolvimento dos jovens valores ou nosso futebol vai acabar em um futuro não muito distante.
Valorizo cada conquista, mas ela tem que ser obtida da maneira certa para o futuro do clube não a qualquer custo.
Parabéns ao Santos por mais esta conquista!
Vale ressaltar que esta geração é vencedora já que tem no Currículo o título paulista do ano passado e o da Copa São Paulo e da Copa do Brasil sub-20 deste ano.
Se eles têm tanto defeito de fábrica como dizem e ganham títulos todo ano, o que diremos do resto?
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