Ontem, Paul Breitner, um dos maiores ídolos do futebol alemão de todos os tempos, deu uma aula sobre o futebol e também deu uma paulada no Brasil.
Suas palavras apenas confirmaram aquilo que venho criticando há muito tempo no Brasil. O ex-jogador criticou a forma como nossos clubes, dirigentes e a nossa imprensa vê o futebol, o gerencia e toda a sua infraestrutura.
Ele criticou nossos gramados, a velocidade do jogo, a qualidade dos times e a força do campeonato nacional.
Explicou como é gerenciado o Bayern de Munique e como o clube busca ganhar dinheiro com o esporte, tudo, claro, de uma maneira séria e profissional.
Agora, o que ele falou de melhor foi sobre a mudança de CONCEITOS do futebol alemão após a derrota na Copa de 2002.
Houve uma análise sobre a qualidade do futebol jogado pelo país naquela época, sobre a qualidade do campeonato alemão (a Bundesliga) e, como o resultado foi ruim, eles resolveram mudar a forma de jogar do seu futebol.
Para isso, a estratégia adotada foi de treinar melhor a base. Definir uma filosofia de jogo, montar uma tática e treiná-la exaustivamente nas categorias de base de todos os clubes alemães.
Quando é dito base, quer dizer que o trabalho é feito com garotos de 12, 13 anos e não de 17, 18.
Com isso, a evolução é gradativa e a longo prazo. Segundo o ex-jogador, os frutos só estão sendo colhidos agora e notem que a média de idade da seleção alemã beira os 22, 23 anos.
Qual o trabalho que está sendo feito no Brasil a despeito do seu péssimo futebol?
Por aqui, fala-se muito em trazer Guardiola, Mourinho etc para a seleção brasileira, mas eles seriam a solução para a mudança do nosso futebol?
Já falei por várias vezes aqui no blog e repito: Nós temos um problema grave de CONCEITO de futebol. Nossos treinadores são fraquíssimos nesse quesito, nossos clubes são gerenciados por amadores e não há um trabalho de acompanhamento dos jovens valores.
Por aqui, valorizamos mais o espetáculo do que o resultado efetivo. Preferimos o drible inútil no meio de campo à velocidade e objetividade na conquista de um gol.
Nosso pensamento ficou ultrapassado e nossa forma de ver e entender futebol também.
Cobro insistentemente a evolução do futebol brasileiro, mas com pessoas com José Marin e Andrés Sanchez à frente da CBF, dificilmente conseguiremos algo de positivo. Ainda mais tendo um canal de televisão que visa seu próprio lucro em detrimento do desenvolvimento do esporte como maior patrocinador e interessado nas competições.
Estamos longe, mas muito longe mesmo, de praticar um futebol rápido, bonito, moderno e competente.
Nossos estádios são deploráveis, os gramados cheios de buracos (com raras exceções) e nossos clubes falidos.
É nesse cenário que queremos ser o país da Copa e a melhor seleção do mundo? Duvido.
O Programa Bola da Vez, da ESPN, com o Paul Breitner, é imperdível para quem gosta e admira o futebol.
Gostei muito do que vi e ouvi. Parabéns à ESPN pela iniciativa e pelo programa de altíssimo nível.
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